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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Medo toma Fortaleza com greve da PM em pleno verão



Lojas, creches, repartições e até o TJ fecharam com o temor de arrastões e assaltos Pânico se espalhou no boca a boca e nas redes socais; paralisação de policiais e bombeiros começou na quinta.

04/01/2012 - 07:47:51
Fonte: Folha de SP/ FLÁVIA MARREIRO - LUIZA BANDEIRA




Policiais militares e bombeiros do Ceará ignoraram a ordem da Justiça de voltar ao trabalho e cumpriram ontem o quinto dia de greve geral que deixou Fortaleza, em plena alta temporada turística, com ares de cidade fantasma.
Durante todo o dia, o medo tomou a capital cearense, apesar do reforço no policiamento feito por homens da Força Nacional de Segurança e do Exército desde a sexta.
No fim da noite, enquanto as negociações indicavam que a greve poderia acabar, os policias civis também decidiram parar (leia texto nesta pág.).
Ontem, lojas em ruas de áreas nobres e do centro, incluindo o turístico Mercado Central, fecharam as portas.
Creches, escolas municipais e estaduais -em reposição de aulas após greve-, repartições municipais, postos de saúde, o Tribunal de Justiça e o fórum encerraram o expediente mais cedo.
Algumas agências da Caixa não abriram. Outras encurtaram em duas horas o horário de trabalho. Os Correios interromperam o serviço de entrega e os agentes de trânsito ameaçavam parar por falta de segurança.
A reação em cadeia foi provocada pelo temor de arrastões e assaltos que começaram a se alastrar -pelo boca a boca e pelas redes sociais- na noite de segunda-feira.
Ao meio-dia, as principais artérias e zonas comerciais estavam praticamente vazias.
Luiz Brito, 65, dono de uma loja no centro, resolveu fechar as portas às 9h. "Começou a gritaria: ‘Lá vem o arrastão‘. Fechei e esperei. Não sei se vou trabalhar amanhã [hoje], vamos ver as condições."
O Mercado Central, o principal centro de compras voltados para o turismo na capital de 2,5 milhões de habitantes, fechou, mas, segundo os próprios comerciantes, não houve registro de assaltos.
Jornais e rádios locais confirmavam o assalto de um supermercado no bairro de classe média do Montese, na noite de segunda, e de tentativas de assalto em zonas nobres, como Aldeota e Seis Bocas.
Com medo de tentativas de resgate de presos, policiais civis fecharam as delegacias e se recusaram a fazer boletins de ocorrência. Uma mulher atingida por um tiro de raspão na cabeça não pôde fazer o registro no 25º DP, segundo o inspetor Lourival Lima. "A delegacia estava fechada por receio da segurança", disse.

TURISMO E PÂNICO

O clima de tensão também afetou a praia do Futuro, a principal da cidade, cheia na terça ensolarada de férias.
Pouco antes do meio-dia, garçons orientavam os clientes a encerrar contas e reproduziam rumores de arrastão.
Nos hotéis, a orientação aos turistas era sair pouco e não levar objetos de valor. Operadores do cinco estrelas Marina Park e do hotel Mareiro informaram que não registraram cancelamento de reservas.
Segundo o Comando da 10ª Região Militar do Exército, 813 militares e 204 homens da Força Nacional de Segurança auxiliavam na segurança do Estado ontem. Era prevista a chegada de mais de cem militares.
Em nota, o governo do Ceará disse que a segurança estava sendo "garantida" pelos reforços e que "muitos boatos" estavam sendo propagados. Não divulgou, porém, o número de crimes registrados desde o início da greve.


Depois de uma longa reunião, as partes subscreveram 
um documento garantindo ganhos aos militares 
Após quase sete horas e meia de discussão, representantes 

do Governo Estadual e dos policiais e bombeiros militares 
que paralisaram suas atividades na última quinta-feira (29), 
chegaram a um consenso, encerrando o movimento paredista 
que já durava cinco dias, fato que deixou o Estado sem o seu 
aparato de Segurança Pública. 
A reunião entre as partes terminou por volta dos 30 minutos 

desta quarta-feira num prédio anexo ao Palácio da Abolição, 
no Meireles. Os secretários estaduais Mauro Filho (da Fazenda),
 Eduardo Diogo (Planejamento e Gestão) e o 
procurador geral  do Estado, Fernando Oliveira, 
representaram o governador Cid Gomes. 


Pauta
Depois de muitas negociações, as partes redigiram um documento 

que, em seguida, foi levado aos manifestantes acampados na sede 
da 6ª Companhia do 5º BPM (Antônio Bezerra).
Contudo, somente na manhã de hoje, o assunto será colocado em discussão. 
A intermediação do Ministério Publico Estadual, da 


Defensoria Pública do Estado e da Ordem dos Advogados 
do Brasil (OAB/CE) possibilitou o acordo.

Um documento de quatro páginas foi redigido e assinado pelas 

partes, garantindo uma anistia a todos os policiais e bombeiros 
militares que participaram do movimento, livrando-os 
de qualquer processo disciplinar e administrativo, 
bem como da instauração de inquéritos por violação 
ao Código Penal Militar e ao Estatuto dos Militares do Ceará.
Outro ponto acertado foi a incorporação definitiva nos salários 
de toda a tropa da PM e dos Bombeiros da gratificação no valor
atual de R$ 920,18, que vinha sendo paga somente aos 
PMs que trabalham no turno C (das 6 às 22 horas). 
Desse modo, o salário de um soldado (posto mais 
baixo da corporação) será de R$ 2.634,00, retroativo ao 
dia 1º de janeiro de 2012. 


O governo do Estado também aceitou um reajuste no 

valor do vale-refeição para policiais e bombeiros, que 
será de R$ 224,00 por mês.
Os ganhos vencimentais estabelecidos no acordo 
serão estendidos aos inativos e pensionistas das 
duas corporações militares. 


O documento também estabelece que a jornada 

de trabalho será de 40 horas semanais, podendo, 
de acordo com a necessidade da Corporação, serem 
fixadas horas-extras.


Outro item estabelecido foi a criação, no prazo de 30 dias, 

de uma comissão com formação paritária entre os representa-
ntes do governo e das quatro associações que congregam os
 militares, para formular, em 90 dias, novas regras sobre a 
tabela salarial, discussão de horas-extras, implantação de 
novo modelo para promoções e reforma no Código de Ética 
e Disciplina da PM, para evitar casos de assédio moral, já que 
os praças reclamam de constantes abusos por parte de 

seus superiores. 

Reunião
Após a reunião, os representantes das entidades militares se 

dirigiram ao local de concentração para pôr em votação a 
proposta de fim da greve. Era por volta de 1h50 quando isto 
aconteceu. O clima no local, que antes era de extrema 
tensão (diante da possibilidades de uma ação do Exército 
e da Força Nacional de segurança) transformou-se em 

comemoração da categoria.

A procuradora-geral da Justiça, Socorro França; o presidente 

da OAB-Ceará, Valdetário Andrade; e a defensora pública 
geral do Estado, Andréia Coelho, subscreveram o documento 
que pôs termo à paralisação das atividades de policiais e 

bombeiros em todo o Estado.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, por telefone, no 

começo da madrugada desta quarta-feira, o presidente 
da OAB explicou que o processo de negociação foi bastante difícil.
Já a procuradora-geral da Justiça disse ter ficado aliviada 

com a decisão, que pôs fim à onda de insegurança reinante 
no Estado com a ausência do aparato da Segurança Pública. 
Conforme o secretário da Fazenda Estadual, Mauro Filho, 

o impacto nos cofres públicos, por conta dos ganhos concedidos à 
categoria, será da ordem de R$ 440 milhões.

Ainda na manhã de hoje, os PMs começam a voltar aos 
quartéis e reiniciam as atividades de policiamento no Estado. 
Policiais civis decidem parar todo o efetivo
Os policiais civis do Estado do Ceará decidiram, em assembleia 

realizada na noite de ontem, paralisar todo o efetivo da categoria na 
Capital e do Interior. Depois da decisão, tomada por cerca de 300 
inspetores e escrivães, eles decidiram acampar na Praça dos

 Voluntários, em frente ao prédio da Delegacia Geral.

O Sindicato dos Policiais Civis de Carreira (Sinpoci) convocou 

os servidores da categoria a parar totalmente as atividades 
e levar as viaturas até o pátio da Delegacia Geral, entregando as 
chaves para o Comando de Greve. Além disso, eles devem 
entregar as chaves das carceragens das DPs onde trabalham 
os delegados titulares.


Depois da deliberação pela paralisação, o diretor do Sinpoci 

Ernani Leal saiu no veículo da entidade, seguido por cinco outros 
automóveis, em direção as delegacias com o objetivo de 
´convidar´ os policiais que estavam de serviço para que 
aderissem ao movimento paredista.


Comitiva
Até o momento em que a reportagem do Diário do Nordeste 

acompanhou o movimento, três DPs haviam sido visitadas 
pela comitiva e tinham sido fechadas pelo Sindicato. Viaturas 
da Delegacia de Narcóticos (Denarc), da Delegacia de 
Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), Divisão 
de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), 5º DP 
(Parangaba) e 34º DP (Centro) chegaram ao pátio 
e ficaram estacionadas. A viatura da Delegacia de
 Defraudações e Falsificações (DDF), que já estava no 

local, teve os pneus secos por uma das manifestantes.

A categoria disse ter sido desrespeitada e pede mais 

consideração por parte do Governador. A presidente do 
Sinpoci, Inês Romero, afirmou que tudo foi feito dentro 
da legalidade. "Acatamos as determinações judiciais 
e isso só enfraqueceu o movimento". A inspetora disse 
ainda que o Sinpoci acreditou na Justiça e no Governo 
e foi apunhalado pelas costas. "Nós não vamos sair daqui, 
enquanto o Governador não nos receber. Vamos mobilizar 
o Interior e esperar que eles se juntem a nós, trazendo 

também as suas viaturas", disse.

Exército
Ao perceber a movimentação em frente ao prédio onde 

estão sediadas as Delegacias Especializadas, o delegado-
geral da Polícia Civil, Luiz Carlos de Araújo Dantas, 
acionou as tropas federais. Os homens do Exército 
fecharam as entradas do prédio e se colocaram no 
portão da frente, para impedir que os policiais que 
faziam suas reivindicações entrassem. Os manifestantes 
discutiram com o delegado-geral afirmando que eles "não 
podiam ser tratados como criminosos". A barreira formada 
por homens fortemente armados, porém, continuou inerte, 
mesmo após os protestos de alguns dos policias civis.


Negociação

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Apesar de terem apoiado a paralisação dos PMs, o 

comando de greve dos militares não aceitou a adesão 
dos policiais civis, que teriam pedido um assento na 
mesa de negociação com o Governo do Estado. Os policiais 
civis disseram que "não estão sendo oportunistas, nem 
se aproveitando do momento de fragilidade da Segurança 
Pública, para relançar suas reivindicações" e, que,
"independente do resultado das negociações dos 
militares e bombeiros continuarão parados, até 

que sejam atendidos".

Outro ponto acertado foi a incorporação definitiva nos salários 
de toda a tropa da PM e dos Bombeiros da gratificação no valor atual 
de R$ 920,18, que vinha sendo paga somente aos PMs que trabalham 
no turno C (das 6 às 22 horas). Desse modo, o salário de um soldado 
(posto mais baixo da corporação) será de R$ 2.634,00, retroativo
 ao dia 1º de janeiro de 2012. 

O governo do Estado também aceitou um reajuste no valor do vale-refeição 
para policiais e bombeiros, que será de R$ 224,00 por mês. 
Os ganhos venci mentais estabelecidos no acordo serão estendidos
 aos inativos e pensionistas das duas corporações militares. 



Mitti Romeney, candidato à Casa Branca - EUA


Mitt Romney, um republicano que precisa convencer a direita americana
04 de janeiro de 2012  11h01




DES MOINES, EUA, 4 Jan 2012 (AFP) -Mitt Romney, que ganhou o cáucus realizado na terça-feira em Iowa por uma diferença de apenas oito votos sobre o ex-senador Rick Santorum, reforça seu status de favorito entre os candidatos republicanos à Casa Branca, apesar das dúvidas dos conservadores sobre sua capacidade de defender os valores tradicionais do partido.



Filho de um ex-governador republicano de Michigan (norte), que em 1968 foi mal sucedido na eleição republicana, Mitt Romney, de 64 anos, entrou para a política tarde. Diplomado em Harvard, este ex-empresário fez fortuna à frente do fundo de investimento Bain Capital.
Foi governador de Massachusetts (nordeste) de 2002 a 2006, mas sofreu duas grandes derrotas: em 1994, candidato ao Senado, foi derrotado por Ted Kennedy, irmão do ex-presidente assassinado. Em 2008, a nomeação republicana lhe escapou em favor de John McCain.
Mas é preciso mais para derrubar a tenacidade deste Mórmon.
Quando voou para a França como missionário de sua igreja em 1966, Romney ficou 30 meses estudando a Bíblia, francês e indo de porta em porta com seus correligionários na tentativa de convencer as pessoas. Assim aprendeu a ser perseverante.
Quatro décadas depois, é o eleitorado republicano que ele precisa convencer. Seus oponentes conservadores o acusam de criar em Massachusetts um sistema de seguro de saúde que se parece com a reforma imposta em 2009 por Barack Obama em nível nacional.
Mitt Romney se defende explicando que o que se aplica a um estado não se aplica a todo o país e que a sua primeira decisão como presidente seria abolir a reforma de Obama.
Um mórmon mal visto pelos evangélicos Seu rótulo de moderado é uma deficiência em uma campanha republicana que pende para a direita. Sua fé mórmon não é bem vista entre os evangélicos, que constituem um segmento importante do eleitorado conservador. Constante nas sondagens nacionais, ele nunca superou os 25% dos votos.
Físico atlético, queixo quadrado, têmporas grisalhas: Mitt Romney tem um aspecto agradável, mas, muitas vezes, é criticado por sua atitude "robótica", ao recitar sua lição aos eleitores, e por falta de espontaneidade.
À frente de um rolo compressor eleitoral e confortavelmente cheio de reservas financeiras, o candidato também joga com um trunfo: sua carreira de empresário distante dos corredores de Washington, tão odiado dos eleitores republicanos.
"Mitt não é um político de carreira. Ele passou a maior parte de sua carreira no setor privado, o que lhe deu um conhecimento profundo do funcionamento da nossa economia", assegura sua biografia oficial.
Com essa garantia, se apresenta como o único candidato capaz de vencer Barack Obama.
Mitt Romney também ficou conhecido como o salvador dos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City, Utah (oeste) em 2002, que arriscava falir depois de seguidos erros de gestão.
O sucesso financeiro desses jogos o transformaram em herói, tanto em Utah, estado sede da igreja mórmon, como em todo o país.